Uma estrutura sustentável vai desde a administração até a responsabilidade ambiental particular de cada condômino
As estruturas para um condomínio sustentável costumam envolver ações sociais, ambientais, econômicas e, principalmente, questão cultural
Questão essa relativa à mudança de alguns hábitos diários, como a grande contribuição que os brasileiros, de forma geral, e os condomínios, em particular, podem começar a dar à preservação do meio ambiente.
Cultura do desperdício
Possuímos e temos muito forte ainda uma cultura de fartura dos recursos naturais, enquanto na Europa, por exemplo, as pessoas são extremamente eficientes, consomem somente o que é necessário.
Para se ter uma ideia, estudos apontam que o cidadão brasileiro consome em média 166L de água ao dia, enquanto um cidadão dinamarquês tem a média de consumo de 107L de água ao dia (o brasileiro em geral consome 35% a mais de água).
Consequências
Segundo relatório lançado em março de 2018 pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), pelo menos metade da população mundial vive em área de potencial escassez de água durante ao menos um mês ao ano. Esse número tende a aumentar ainda mais até 2050.
De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado no dia 19 de abril de 2021, 2020 foi um dos três anos mais quentes já registrados.
Esse aquecimento global é causado pelo alto índice de emissão de carbono gerado pelas atividades produtivas e sociais do homem e os efeitos colaterais são visíveis.
Nota-se o derretimento do gelo marinho no Ártico e mudança climáticas visíveis, com o maior número de incêndios e furações da história dos EUA, por exemplo.
Sem contar os efeitos de médio e longo prazo indiretos como a escassez de água e a tendência de surgimento de novas pandemias de doenças com a extinção em massa de animais.
O que podemos fazer?
Um condomínio sustentável envolve um amplo arco de soluções, que vão desde:
- A concepção de projetos arquitetônicos que considerem um melhor desempenho de iluminação;
- Ventilação natural e consumo;
- Controle da produção de resíduos durante a construção;
- Cuidado em se ocupar os imóveis de forma a gerar o menor impacto possível sobre o tráfego local, a produção do lixo e o barulho.
Entretanto, do ponto de vista dos condomínios já estabelecidos, o foco está na sua operação diária.
Os síndicos dos condomínios podem começar a estimular ações simples, ao alcance de todos.
Entre elas, adotar políticas de conforto acústico e térmico, implantar bicicletário, fazer a gestão dos resíduos (lixo) e estabelecer um plano de manutenção sobre rede de água, iluminação e ar condicionado (nos comerciais).
Nossa experiência mostra que uma correta intervenção na maneira como o usuário se relaciona com o edifício costuma ser muito mais eficaz do que eventuais reformas físicas.
Assim, os síndicos podem realizar uma análise detalhada da situação de seu condomínio e ver onde o calo vai apertar.
Realizar campanha educativa para que as pessoas passem a ficar pelo menos três minutos diários a menos com a torneira do chuveiro aberta é uma boa ideia e gera uma economia equivalente à água captada pelos sistemas de reuso.
Outras medidas podem ser estudadas e discutidas com a massa condominial, como, por exemplo:
- Inclusão do monitoramento mensal de vazamentos nas áreas comuns e nas unidades;
- Uso de sensores no sistema de iluminação;
- Racionalização no acionamento dos elevadores;
- Aproveitar os momentos de execução de algumas obras para instalar o sistema de captação da água pluvial ou painéis termo solares (para aquecimento da piscina, por exemplo).
Algumas medidas foram detalhas em matéria “Economize água, energia e recursos com um condomínio mais ecológico” que publicamos anteriormente.
Juntos, corpo diretivo e condôminos podem criar as condições para melhor aproveitamento de recursos, seja com intervenções na comunicação, na estrutura ou no comportamento, gerando economia e sustentabilidade para todos.
O síndico, os condôminos o seu condomínio e o meio ambiente, todos ganham com um condomínio sustentável!
José Roberto Cândido